2.10.16

Ao Braço do Menino Jesus de Nossa Senhora Das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram. - Gregório de Matos


O todo sem a parte não é todo, 
A parte sem o todo não é parte, 
Mas se a parte o faz todo, sendo parte, 
Não se diga, que é parte, sendo todo. 

Em todo o sacramento está Deus todo, 

E todo assiste inteiro em qualquer parte, 
E feito em partes todo em toda a parte, 
Em qualquer parte sempre fica o todo. 

O braço de Jesus não seja parte, 

Pois que feito Jesus em partes todo 
Assiste cada parte em sua parte. 

Não se sabendo parte deste todo, 

Um braço, que lhe acharam, sendo parte, 
Nos disse as partes todas deste todo. 
Gregório de Matos

Análise do poema de Gregório de Matos por Gabriela:É facilmente percebido no texto o cultismo, característica do Barroco, que consiste em uma linguagem rebuscada e repleta de jogo de palavras e figuras de linguagem. Também é facilmente percebida a grande religiosidade do poema, outra característica do Barroco.Na segunda estrofe do poema, podemos perceber que o autor diz que "Em todo o sacramento está Deus todo", ou seja, que em todo sacramento está Deus por inteiro, e diz que Deus está inteiro em qualquer parte assistindo-nos, observando nossas ações. Gregório diz que o braço (de Jesus) é parte, mas também é todo. Tenta mostrar que com uma parte do todo, podemos encontrar o todo por inteiro. 

11 comentários :

  1. no texto de Gregório vemos claramente a característica mais marcante do barroco, o cultismo, que é justamente o jogo de palavras que a Gabriela citou em sua análise.
    Vemos também uma figura de linguagem do barroco, o paradoxo, que é a união de duas coisas diferentes em um só pensamento. Essa junção de palavras diferentes nos leva a pensar que ao mesmo tempo que falamos que uma parte de uma camisa não é um todo, também dizemos que uma parte de Jesus é ele todo.
    Embora outra característica do barroco seja recorrer à religião, podemos pensar que Gregório esteja utilizando da antítese (dualismo) para expressar sua ironia diante do assunto de religião.

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  2. Como meu amigo João já destacou , neste texto vemos duas das figuras de linguagens típicas do barroco que são: o "paradoxo" e a "antítese" .
    Percebi também que neste texto Gregório usou uma certa ironia para criá-lo .

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  3. É instigante como Gregório consegue fazer um texto com a forma paradoxal típica do barroco e clara para alguns, nesse texto ele consegue passar a seriedade da religião e ao mesmo tempo ironizar tal fazendo-a ter mais de uma linha de pensamento dependendo do ponto de vista. Digo também que esse texto faz apologia a quando os frequentadores das igrejas são batizados e começam a fazer parte de um todo, que seria a igreja, vulgo o corpo de Cristo.

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  4. Como muito bem destacaram meus colegas, é bem perceptível as características do Barroco no texto, com a forte apelação à religião e os jogos de palavra feitos por Gregório, que ao mesmo tempo que enaltecem a religião e Jesus (e seu poder), ironizam essa veneração.

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  5. Concordo com as análises feitas por meus colegas, e ressalto o jogo de palavras feito por Gregório, além do aspecto religioso do poema que são próprios do período Barroco. Podemos perceber também certa ironia em seus versos que ao mesmo tempo enaltece e parece criticar a religião e suas crenças.

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  6. Parabéns, pessoal! Continuo gostando muito. Agora vocês estão conseguindo mostrar as características barrocas presentes no texto.

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  7. Desculpe fiquei sem internet. Como todos meus amigos destacaram esse texto trata de uma religiosidade, e através de um jogo de palavras utilizando “todo” e “parte” o poeta apresenta uma imagem de Jesus despedaçada.

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  8. nos dois primeiros versos, o eu lirico estabelece uma relaçao de interdependenci entre todod e parte.Do que se constitui o todo?

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  9. no barroco, ha a tendencia de fundir palavras antiteticas, visoes opostas, criando-se paradoxos. No terceiro e quarto versos, o eu lirico chega a conclusao de que parte e todo sao equivalentes. Explique essa conclusao, utilizanto elementos do texto.

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