30.9.16

O amor fino

O amor fino não busca causa nem fruto. Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e amor fino não há-de ter porquê nem para quê. Se amo, porque me amam, é obrigação, faço o que devo: se amo, para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há-de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo; amo, ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam é agradecido. quem ama, para que o amem, é interesseiro: quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino. 
Padre António Vieira, in "Sermões" 

Análise do texto Padre Antônio Vieira por João Victor:

No período do Brasil colonial foi de grande expansão do catolicismo na região. O catolicismo atormentava pela ideia do pecado e busca a salvação de forma angustiada. Entre outras, essas são as principais características do barroco, o apelo a religião.
O texto, "o amor fino", mostra muito dessa ideia da religião sobre tudo, também o autor é um padre, símbolo do catolicismo. O texto passa a ideia de como é amar de acordo com os princípios do catolicismo.

Análise feita pelo aluno João Victor De Paula.

9 comentários :

  1. É interessante como nessa época do barroco os princípios renascentistas e a ética cristã colidiam, eram grandes dilemas como esse texto, entre amar para ser amado e amar para amar, entre viver as coisas mundanas e renunciar o passageiro e ir atrás da salvação eterna. Além da complexidade, é bom pararmos para pensar como vivemos nesses dilemas, sendo religiosos ou não, somos expostos a escolhas sendo interpretados por alguns como sendo "egocêntricos", ou "interesseiros" como o exemplo do texto,e vamos na dos outros por consideramos "certo".

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  2. Ótima análise meu caro amigo . Vale ressaltar que este texto nos mostra um pouco da beleza que é esse sentimento de "AMOR" , que inclusive todos querem ter , porém pouco sabem nos oferecer.

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  3. Outro aspecto importante do texto é o cultismo, característica do Barroco, que consiste na utilização de uma linguagem rebuscada cheia de figuras de estilo e jogo de palavras; e também o conceptismo, outra característica do Barroco, que consiste em um jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, como podemos claramente observar no texto.

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  4. Como todos meus amigos já destacaram. Este poema nos traz a pensar um pouco da beleza do amor,e nos mostra que ele amava sem medo de ser julgado.

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  5. Podemos perceber no texto algumas das principais características do Barroco, como muito bem a Gabriela ressaltou. Temos o fato de o texto estar subentendido à religião, coisa que também está bem presente no contexto do Barroco.

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  6. Concordo com as análises anteriores, porém diferente de meus amigos, não consegui encontrar a religião expressa no sermão. Entendi que é preciso buscar amar e oferecer o amor sem medo de ser criticado.
    E observando o texto, é visível as principais características do Barroco, como anteriormente meus amigos citaram.

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  7. Estou gostando das interpretações. Gostaria que discutissem sobre esse poema e chegassem a uma conclusão sobre a religião. Está presente no texto ou não? Se estiver, onde podemos vê-la? Uma dica: sempre que citarem uma característica, vocês devem explicá-la e apontar no texto onde ela se encontra. Por exemplo, eu gostaria que vocês mostrassem onde está o cultismo e o conceptismo no texto.

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  8. Gente, vou postar este comentário aqui, porque não encontrei outro lugar em que eu pudesse fazer isso. Onde está a biografia de Padre Antônio Vieira? A data para postagem era até 03/10. Onde está a listagem das principais obras de Padre Antônio Vieira e de Gregório de Matos? Vejam o cronograma.

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  9. Percebi que no poema Padre Antônio Vieira fala do amor genuíno (fino), amor sem jogos de interesses; não é preciso ter motivo para amar, ou seja, amo porque amo, porque gosto de amar as pessoas. Por que é assim que a bíblia nos ensina, o amor genuíno (fino) é incondicional, assim como: o amor de Deus para conosco e o de uma mãe por um filho.

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