O blog Arcairroco foi criado pelo grupo da turma D, IFF Pádua, formado pelos alunos Gabriela Tostes, Gabrielly Rodrigues, João Victor de Paula, Lourran Claudio, Micaella Barcellos, Pedro Mendes e Yasmin Souza. Nele falaremos sobre Barroco e Arcadismo.
31.10.16
SONETO XVIII
Aquela cinta azul, que o céu estende
A nossa mão esquerda, aquele grito,
Com que está toda a noite o corvo aflito
Dizendo um não sei quê, que não se entende;
Levantar me de um sonho, quando atende
O meu ouvido um mísero conflito,
A tempo, que o voraz lobo maldito
A minha ovelha mais mimosa ofende;
Encontrar a dormir tão preguiçoso
Melampo, o meu fiel, que na manada
Sempre desperto está, sempre ansioso;
Ah! queira Deus, que minta a sorte irada:
Mas de tão triste agouro cuidadoso
Só me lembro de Nise, e de mais nada.
Análise feita pela aluna Gabrielly Rodrigues:
No poema, é perceptível algumas características do arcadismo, como a exaltação da natureza, que é transmitida no texto através da exaltação da beleza do céu, a tranquilidade que é proporcionada pela natureza e a contemplação da vida simples, também é possível notar a exaltação ao homem puro, ou seja, o respeito que o homem transmite pela natureza. Outras características presentes são o emprego de apelidos, estado de espírito espontâneo e a linguagem simples presente no texto.
XIV - Claúdio Manoel da Costa
XIV
Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Análise feita pela aluna Micaella Barcellos:
No poema, a primeira coisa que percebemos é que o autor exalta a tranquilidade do campo e as coisas errôneas encontradas na cidade, uma das características do Arcadismo, em referência ao locus amoenus, que é a natureza sendo vista como um lugar de paz, tranquilidade. Percebemos também o uso da metáfora em "o rosto da violência" que seria a cidade e o "retiro" que seria o campo, ou seja, a vida na cidade é catastrófica e problemática, por assim dizer, enquanto a vida no campo é tranquila e calma, o que nos leva ao principal tema usado pelos autores do Arcadismo, que é a exaltação da vida no campo, o bucolismo. Outra metáfora encontrada no texto é "Ali respira amor sinceridade;" em referência ao campo, onde o amor aconteceria, onde as coisas seriam verdadeiras, sinceras e "Aqui sempre a traição seu rosto encobre;"falando da cidade, da corrupção existente lá e das farsas presentes na civilização.
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