Marília de Dirceu
PARTE I
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
6 dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Mar flua bela,
graças à minha estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
Os pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste,
nem canto letra que não seja minha.
graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
Análise feita por Yasmin Souza:
Este poema intitulado como Marília de Dirceu, por ser longo foi dividido em partes, acima está citado um trecho da primeira parte escrita por Tomás Antônio Gonzaga antes da sua prisão (ocasionada pelo seu envolvimento na inconfidência mineira) , nesta parte o autor nos apresenta à Marília (inspirada em Maria Doroteia Joaquina de Seixas, uma jovem moradora da região de Vila Rica) e a Dirceu um pastor que seria o eu lírico deste, Dirceu estaria tentando demostras seus sentimentos por Marília e assim encontrasse uma característica do arcadismo que seria a exaltação da beleza de sua amada, e neste o autor tenta mostrar em uma linguagem simples, que a felicidade e a beleza decorrem da vida do campo (bucolismo), e o autor tem a necessidade de mostrar que merece sua amada, e com isso ele conta seus projetos para com Marília que seria uma vida calma, sossegada típica do campo.