Amor fiel
Ó tu do meu amor fiel traslado
Mariposa entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.
Tu de amante o teu fim hás encontrado,
Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado.
Ambos de firmes anelando chamas,
Tu a vida deixas, eu a morte imploro
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.
Mas ai! que a diferença entre nós choro,
Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.
Análise feita por Pedro Lucas :
Em seus textos Gregório
de Matos sempre tende através da contradição, expor em seus poemas a
importância pessoal das coisas. Para ele, o amor é mais relevante ao lado do
ódio, o frio é mais relevante ao lado do calor, e etc... No texto acima, o amor é comparado à morte da
amada, como se fosse uma oposição entre a luz (amor) e a escuridão (morte) .
Veja que a morte da amada está em um sentido figurado, o que significa que
amada entregou-se a outro amor, outro fogo, é isto que o poeta
considera como morte , e vida para o
poeta, é tipo que o amor que ele próprio sente .
Como foi muito bem dito pelo meu colega o autor tenta com o dualismo expor em seus poemas o lado pessoal das coisas. Entendo como sendo uma descrição do amor que sente ao outro (a) com o desejo da mariposa de se aproximar da luz pela fogueira (a madeira que ao queimar, o fogo, gera a luz). A mariposa aproxima-se da luz, e é alcançada pelo fogo (da madeira em chamas), se queima e morre. A mariposa morre quando encontra a luz, já o autor fica nessa procura pela chama do amor. Esse texto foi um dos mais belos postados em nosso blog pois se trata de um amor tão lindo que nos toca e nos faz a fazer análises de diversas formas, porque todos vivemos nesse mundo do amor e muitas vezes temos que nos arrisca por essa busca.
ResponderExcluirNo texto vemos uma característica marcante do barroco, a metáfora, ou seja, fazer comparações implícitas. No trecho: "Mariposa entre as chamas consumida", Gregório coloca a Mariposa como se fosse sua amada, pois voou e foi consumida pelas chamas, que seria um outro homem.
ResponderExcluirAlém disso vemos muito, como em todos os outros textos, o cultismo, que é um jogo de palavras que torna o texto misterioso, como vemos na frase: "Ambos de firmes anelando chamas,
Tu a vida deixas, eu a morte imploro", causando muita confusão, o autor diz que sua amada e o amante dela vivem em calor enquanto deixa sua vida vívida acabar, ele a morte prefere. Nesse trecho também Gregório utilizou-se da figura de línguagem chamada hipérbole, que é um exagero, pois ele exagera ao preferir a morte do que a vida vendo sua amada distante.
Gostei das analises feita pelos meus colegas,e concordo com João Victor em respeito a percepção do cultismo presente no texto, e acrescento a minha posição em relação ao poema, entendo que Gregório faz uma comparação do seu amor ao instinto de um inseto, no caso a mariposa, que ao se sentir quente próximo da luz morre, ou seja, Gregório relata a diferença entre eles, sendo a mariposa morta atraída pelo fogo, que tanto acha que ama e ele por não chegar à luz que ama, talvez uma mulher inatingível.
ResponderExcluirConcordo com as análises anteriores, ressaltando as características do Barroco que se encontram gritantes no poema, como o uso do cultismo nos jogos de palavra e nas figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole, das quais Gregório usa e abusa em todos os poemas que já vimos até agora. Comentando agora o significado do texto, achei muito reflexivo sobre a questão da busca e do alcance do amor, utilizando a mariposa e a luz, que seriam uma metáfora para o fato de que as vezes procuramos o amor e estamos tão cegamente ligados à esse desejo que não conseguimos ver o perigo que o mesmo apresenta, ou seja, não nos contentamos em ficar numa "zona segura", queremos sempre sentir mais e mais, pois isso nos lembra que estamos vivos.
ResponderExcluirAdorei a análise de todos, e acho importante resaltar o dualismo utilizado por Gregório: a tentativa de expor através de seus poemas a importância pessoal das coisas com a contradição, como já dito pelo João Victor. Quanto ao significado do texto, parece que o autor perdeu sua amante e diz preferir a morte, dizendo no final do soneto "Eu morro, sem chegar à luz, que adoro", ressaltando que preferia a morte à perde-la, e então morre sem consegui-la.
ResponderExcluirTodas análises foram muito esclarecedoras, e é bem complexo toda estrutura do texto barroco, é incrível como nos deixa confusos e logo após abre nossos olhos para um mundo novo de uma forma impressionante, é inspirador; neste texto todo o uso da hipérbole e as contradições(dualismo) fizeram com que o autor conseguisse transmitir a magnitude do seu sentimento, da sua dor por não conseguir alcançar a sua luz, ou melhor, sua amada.
ResponderExcluirGostei muito, pessoal! Muito mesmo! Parabéns!
ResponderExcluiresse poema seria um poema erotico
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