14.11.16

Soneto VII, Cláudio Manoel da Costa

         
                      VII
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado? 
Tudo outra natureza tem tomado; 
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço 
De estar a ela um dia reclinado: 
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes, 
Que faziam perpétua a primavera: 
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era:
Mas que venho a estranhar, se estão presentes 
Meus males, com que tudo degenera!





Análise feita por  Pedro Lucas :


Neste poema, o autor deixou clara sua perplexidade diante da  natureza que ele via modificada , então ele acabou  vendo a mesma , como algo desconhecida . Ele também mostra que,  a sociedade é fonte da devastação ambiental , e atribui este processo à ela .
É interessante notar que, o campo que sofreu uma transformação para “um bem perdido”, para a maioria dos outros era algo que se perdeu na distância.  O autor acabou  fugindo da cidade para o campo, mas o que fazer se o campo também não existe mais?! Neste caso, o sentimento de frustração se torna maior , Cláudio da Costa observou também a degradação obtida  pela mineração e relata , de forma preocupante a estética da paisagem, os impactos causados à natureza .

10 comentários :

  1. Podemos interpretar o soneto como muito bem fez Pedro Lucas: o autor foge da cidade, querendo ficar longe do urbano e assim volta para o campo, mas se depara com uma realidade totalmente diferente da que ele estava acostumado. Vemos a característica de sempre, exaltação da natureza por ele ver o reconforto que ela tem e o fugere urbem, que seria a fuga da cidade, da urbanização, o que no soneto, percebemos que não acontece de fato.

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  2. Ótima interpretação do soneto, vale ressaltar como características do Arcadismo presentes em tal soneto também o bucolismo, que seria a busca pelos valores da natureza, o nativismo, que são referências a natureza, a exaltação da natureza e o Fugere urbem, como Micaella muito bem ressaltou, e o Inutilia truncat, "cortar o inútil", que é uma simplicidade maior na escrita, em contraponto aos excessos do Barroco.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. O autor ele saí de seu campo e na sua volta ele se depara com uma paisagem totalmente diferente. Não há uma forte ocorrência de figuras de linguagem, o que condiz com o
    Arcadismo, que propunha uma poesia de alcance maior, popular. Temos simetria nas estrofes modo que todas elas possuem uma quebra.Pode se dizer que este soneto retrata os males do progresso.

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  5. O autor retrata características importantes do arcadismo, a exaltação à natureza. Além disso, o autor demonstra críticas às ações humanas sobre a natureza, a cidade desaconchegante e a destruição das árvores, isso o decepciona.

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  6. Neste soneto o autor abordou o tema da modernização das áreas cujo ele tanto almejava e admirava, que seria o campo, como meus colegas disseram anteriormente, o autor após tantas modificações feitas em tais áreas ele chega a não reconhece-las e com isso vem o espanto e a decepção, e neste também retrata, como o Lourran disse os males que há no progresso.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Muito bem, pessoal. Cuidado com a redação. Há muitos problemas aqui. Gabrielly, você não vai participar?

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  9. Gente, após ler o soneto notei outra coisa não mencionada antes aqui nos comentários. Efetivamente o local não foi reconhecido pelo eu lírico apesar de já ter conhecido um dia, mas o que o fez mudar foram os próprios males do protagonista. O lugar, na realidade, não mudou, mas sim o eu lírico.

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  10. Tendo a concordar com o último comentário. Parece que não importa, de fato, se houve ou não modificação, pois os "males" que o poeta traz afetam o que vê/sente. A paisagem pode não ter sido alterada e nem mesmo ter sido aquela em que já estivera o poeta.

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