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Capa da obra Cartas Chilenas |
As Cartas Chilenas são 13 cartas escritas por Critrilo (pseudônimo do autor que por muito tempo ficou obscuro) relatando os desmandos, atos corruptos, nepotismo, abusos de poder, falta de conhecimento e tantos outros erros administrativos, jurídicos e morais quanto pudessem ser relatados em versos decassílabos do "Fanfarrão Minésio" ( o governador Luís Cunha Meneses) no governo do "Chile" (a cidade de Vila Rica).
Elas são sempre dirigidas a "Doroteu" (que tem uma epístola após as 13 cartas), ninguém mais do que Cláudio Manuel da Costa.
As Cartas chilenas, por outro lado, completam a obra de Gonzaga.
São poemas satíricos que circularam em Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mineira.
Esses poemas eram escritos em versos decassílabos e tinham a estrutura de uma carta, assinada por Critilo e endereçada a Doroteu, residente em Madri.
Nessas cartas, Critilo, habitante de Santiago do Chile (na verdade Vila Rica), narra os desmandos e arbitrariedades do governador chileno, um político sem moral, despótico e narcisista, o Fanfarrão Minésio (na realidade, Luís da Cunha Meneses, governador de Minas Gerais até pouco antes da Inconfidência).
Estes poemas foram escritos numa linguagem bastante satírica e agressiva, e sua verdadeira autoria foi discutida por muito tempo.
Após os estudos de Afonso Arinos e, principalmente, do trabalho de Rodrigues Lapa, a dúvida acabou: Critilo é mesmo Tomás Antônio Gonzaga e Doroteu é Cláudio Manuel da Costa.
PERSONAGENS:
Doutor: O narrador é o protagonista. Só sabemos que é um "Doutor" por intermédio da fala de José Malvino, logo no início da narrativa: "( Se o senhor doutor está achando alguma boniteza..."), fora isso, nem mesmo seu nome é mencionado.
Santana: Inspetor escolar intinerante. Bonachão e culto. Tem memória prodigiosa. É um tipo de servidor público facilmente encontrável.
José Malvino: Roceiro que acompanha o protagonista na viagem para a fazendo do Tio Emílio. Conhece os caminhos e sabe interpretar os sinais que neles encontra. Atencioso, desconfiado, prestativo e supersticioso.
Tio Emílio: Fazendeiro e chefe político, para ele é uma forma de afirmação pessoal. É a satisfação de vencer o jogo para tripudiar sobre o adversário.
Maria Irma: Prima do protagonista e primeiro objeto de seu amor. É inteligente, determinada.. Elabora um plano de ação e não se afasta dele até atingir seus objetivos. Não abre seu coração para ninguém, mas sabe e faz o que quer.
Bento Porfírio: Empregado da fazendo de Tio Emílio. É companheiro de pescaria do protagonista e termina assassinado pelo marido da mulher com quem mantinha um romance.
Fonte: http://superreforco.blogspot.com.br/2012/06/resumo-cartas-chilenas-tomas-antonio.html
Trechos:
PRIMEIRA CARTA
“Amigo Doroteu, prezado amigo,
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa, das pestanas carregadas,
O pegajoso humor, que o sono ajunta.”
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa, das pestanas carregadas,
O pegajoso humor, que o sono ajunta.”
SEGUNDA CARTA
“As brilhantes estrelas já caíam
E a vez terceira os galos já cantavam,
Quando, prezado amigo, punha o selo
Na volumosa carta, em que te conto”
E a vez terceira os galos já cantavam,
Quando, prezado amigo, punha o selo
Na volumosa carta, em que te conto”
TERCEIRA CARTA
“Que triste, Doroteu, se pôs a tarde!
Assopra o vento sul, e densa nuvem
Os horizontes cobre; a grossa chuva,
Caindo das biqueiras dos telhados”
Assopra o vento sul, e densa nuvem
Os horizontes cobre; a grossa chuva,
Caindo das biqueiras dos telhados”
QUARTA CARTA
“Maldito, Doroteu, maldito seja
O vício de um poeta, que, tomando
Entre dentes alguém, enquanto encontra
Matéria em que discorra, não descansa.”
O vício de um poeta, que, tomando
Entre dentes alguém, enquanto encontra
Matéria em que discorra, não descansa.”
QUINTA CARTA
“Tu já tens, Doroteu, ouvido histórias
Que podem comover a triste pranto .
Os secos olhos dos cruéis Ulisses.
Agora, Doroteu, enxuga o rosto,
Que eu passo a relatar-te coisas lindas.”
Que podem comover a triste pranto .
Os secos olhos dos cruéis Ulisses.
Agora, Doroteu, enxuga o rosto,
Que eu passo a relatar-te coisas lindas.”
SEXTA CARTA
“Eu ontem, Doroteu, fechei a carta
Em que te relatei da igreja as festas .
E como trabalhava, por lembrar-me
Do resto dos festejos mal descalço.”
Em que te relatei da igreja as festas .
E como trabalhava, por lembrar-me
Do resto dos festejos mal descalço.”
SÉTIMA CARTA
“Há tempo, Doroteu, que não prossigo
Do nosso Fanfarrão a longa história.
Que não busque cobrí-los com tal capa,
Que inda se persuada que os mais homens”
Do nosso Fanfarrão a longa história.
Que não busque cobrí-los com tal capa,
Que inda se persuada que os mais homens”
OITAVA CARTA
“Os grandes, Doroteu, da nossa Espanha
Têm diversas herdades: uma delas
Dão trigo, dão centeio e dão cevada,
As outras têm cascatas e pomares,
Com outras muitas peças, que só servem,
Nos calmosos verões, de algum recreio.”
Têm diversas herdades: uma delas
Dão trigo, dão centeio e dão cevada,
As outras têm cascatas e pomares,
Com outras muitas peças, que só servem,
Nos calmosos verões, de algum recreio.”
NONA CARTA
“Agora, Doroteu, agora estava
Bamboando, na rede preguiçosa
E tomando, na fina porcelana,
O mate saboroso, quando escuto
De grossa artilharia o rouco estrondo.”
Bamboando, na rede preguiçosa
E tomando, na fina porcelana,
O mate saboroso, quando escuto
De grossa artilharia o rouco estrondo.”
DÉCIMA CARTA
“Quis, amigo, compor sentidos versos
A uma longa ausência e, para encher-me
De ternas expressões, de imagens tristes,
A banca fui sentar-me, com projeto.”
A uma longa ausência e, para encher-me
De ternas expressões, de imagens tristes,
A banca fui sentar-me, com projeto.”
DÉCIMA PRIMEIRA CARTA
“No meio desta terra há uma ponte,
Em cujos dois extremos se levantam
De dois grossos rendeiros as moradas;
E, apenas, Doroteu, o sol declina.”
Em cujos dois extremos se levantam
De dois grossos rendeiros as moradas;
E, apenas, Doroteu, o sol declina.”
DÉCIMA SEGUNDA CARTA
“Aquele que se jacta de fidalgo
Não cessa de contar progenitores
Da raça dos suevos, mais dos godos;
O valente soldado gasta o dia
Em falar das batalhas, e nos mostra
Das feridas, que preza, cheio o corpo;”
Não cessa de contar progenitores
Da raça dos suevos, mais dos godos;
O valente soldado gasta o dia
Em falar das batalhas, e nos mostra
Das feridas, que preza, cheio o corpo;”
DÉCIMA TERCEIRA CARTA
“Ainda, caro amigo, ainda existem
Os vestígios dos templos suntuosos
Que a mão religiosa do bom Numa
Ergueu o Marte e levantou a Jano.”
Os vestígios dos templos suntuosos
Que a mão religiosa do bom Numa
Ergueu o Marte e levantou a Jano.”
1ª Carta e análise:
A primeira carta descreve para Doroteu o novo Governador e fica claro que o remetente não aprova tal homem (Fanfarrão) para o cargo. Essa carta é basicamente a apresentação do governador e a observação sobre a prepotência dele com os demais.
2ª Carta e análise:
A segunda carta desmascara Fanfarrão, mostrando que ele se fingia de religioso e não agia conforme a lei, libertando presos e etc.
3ª Carta e análise:
A terceira mostra os atos de Fanfarrão, como o desrespeito com autoridades do lugar e favorecimentos ilegais com os membros de elite. Fala da construção da cadeia (que usou mão de obra escrava) e das injustiças causadas a partir disso. Aborda o preconceito racial e o descumprimento das leis por parte de Minésio.
4ª Carta e análise:
Fala das péssimas condições da cadeia e do abuso autoritário de Fanfarrão, desta vez com a Igreja.
5ª e 6ª Cartas e análise:
Mostra a exploração do povo em prol da organização de festas, além de falar do consentimento de parte da população quanto aos abusos de Minésio.
7ª Carta e análise:
Minésio quebra a lei que regula a concessão de áreas para extrair ouro, prejudicando várias pessoas, porém beneficiando a quem lhe cabe.
8ª Carta e análise:
Explora a falta de cultura do governador.
9ª Carta e análise:
Mostra a organização das tropas militares, feita sem nenhuma precedência, procurando se privilegiar. Concedia títulos militares também.
10ª Carta e análise:
O Governador se intromete no Tribunal de Justiça, fazendo com que toda o lugar ficasse sob seu controle, em todos os âmbitos.
11ª Carta e análise:
Relembra os abusos de Fanfarrão, como uso indevido de seu poder, o desrespeito às leis, a venda de cargos, etc.
12ª Carta e análise:
Aborda as armações e corrupções de Fanfarrão
13ª Carta e análise:
A décima terceira carta está incompleta. Mostra a manipulação que governos e religiões fazem com o povo e critica a falta de racionalismo.
Fontes:
- https://www.todamateria.com.br/cartas-chilenas/
- http://letrabydani.blogspot.com.br/2015/10/de-que-te-ris-trocando-os-nomes-fabula.html
- http://www.enemsimples.info/2011/07/resumo-cartas-chilenas-tomas-antonio.html
Feito por Micaella Barcellos.
Ficou ótimo! Porém, gostaria de ver comentários dos outros integrantes para ter certeza de que entenderam mesmo as Cartas Chilenas.
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