14.11.16

Cartas Chilenas, Tomás Antonio Gonzaga

Capa da obra Cartas Chilenas

As Cartas Chilenas são 13 cartas escritas por Critrilo (pseudônimo do autor que por muito tempo ficou obscuro) relatando os desmandos, atos corruptos, nepotismo, abusos de poder, falta de conhecimento e tantos outros erros administrativos, jurídicos e morais quanto pudessem ser relatados em versos decassílabos do "Fanfarrão Minésio" ( o governador Luís Cunha Meneses) no governo do "Chile" (a cidade de Vila Rica). 

Elas são sempre dirigidas a "Doroteu" (que tem uma epístola após as 13 cartas), ninguém mais do que Cláudio Manuel da Costa.

As Cartas chilenas, por outro lado, completam a obra de Gonzaga.

São poemas satíricos que circularam em Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mineira.

Esses poemas eram escritos em versos decassílabos e tinham a estrutura de uma carta, assinada por Critilo e endereçada a Doroteu, residente em Madri. 

Nessas cartas, Critilo, habitante de Santiago do Chile (na verdade Vila Rica), narra os desmandos e arbitrariedades do governador chileno, um político sem moral, despótico e narcisista, o Fanfarrão Minésio (na realidade, Luís da Cunha Meneses, governador de Minas Gerais até pouco antes da Inconfidência). 

Estes poemas foram escritos numa linguagem bastante satírica e agressiva, e sua verdadeira autoria foi discutida por muito tempo. 

Após os estudos de Afonso Arinos e, principalmente, do trabalho de Rodrigues Lapa, a dúvida acabou: Critilo é mesmo Tomás Antônio Gonzaga e Doroteu é Cláudio Manuel da Costa.



PERSONAGENS:

Doutor: O narrador é o protagonista. Só sabemos que é um "Doutor" por intermédio da fala de José Malvino, logo no início da narrativa: "( Se o senhor doutor está achando alguma boniteza..."), fora isso, nem mesmo seu nome é mencionado.

Santana: Inspetor escolar intinerante. Bonachão e culto. Tem memória prodigiosa. É um tipo de servidor público facilmente encontrável.

José Malvino: Roceiro que acompanha o protagonista na viagem para a fazendo do Tio Emílio. Conhece os caminhos e sabe interpretar os sinais que neles encontra. Atencioso, desconfiado, prestativo e supersticioso.

Tio Emílio: Fazendeiro e chefe político, para ele é uma forma de afirmação pessoal. É a satisfação de vencer o jogo para tripudiar sobre o adversário.

Maria Irma: Prima do protagonista e primeiro objeto de seu amor. É inteligente, determinada.. Elabora um plano de ação e não se afasta dele até atingir seus objetivos. Não abre seu coração para ninguém, mas sabe e faz o que quer.

Bento Porfírio: Empregado da fazendo de Tio Emílio. É companheiro de pescaria do protagonista e termina assassinado pelo marido da mulher com quem mantinha um romance.

Fontehttp://superreforco.blogspot.com.br/2012/06/resumo-cartas-chilenas-tomas-antonio.html

Trechos: 

PRIMEIRA CARTA

“Amigo Doroteu, prezado amigo,
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa, das pestanas carregadas,
O pegajoso humor, que o sono ajunta.”

SEGUNDA CARTA

“As brilhantes estrelas já caíam
E a vez terceira os galos já cantavam,
Quando, prezado amigo, punha o selo
Na volumosa carta, em que te conto”

TERCEIRA CARTA

“Que triste, Doroteu, se pôs a tarde!
Assopra o vento sul, e densa nuvem
Os horizontes cobre; a grossa chuva,
Caindo das biqueiras dos telhados”

QUARTA CARTA

“Maldito, Doroteu, maldito seja
O vício de um poeta, que, tomando
Entre dentes alguém, enquanto encontra
Matéria em que discorra, não descansa.”

QUINTA CARTA

“Tu já tens, Doroteu, ouvido histórias
Que podem comover a triste pranto .
Os secos olhos dos cruéis Ulisses.
Agora, Doroteu, enxuga o rosto,
Que eu passo a relatar-te coisas lindas.”

SEXTA CARTA

“Eu ontem, Doroteu, fechei a carta
Em que te relatei da igreja as festas .
E como trabalhava, por lembrar-me
Do resto dos festejos mal descalço.”

SÉTIMA CARTA

“Há tempo, Doroteu, que não prossigo
Do nosso Fanfarrão a longa história.
Que não busque cobrí-los com tal capa,
Que inda se persuada que os mais homens”

OITAVA CARTA

“Os grandes, Doroteu, da nossa Espanha
Têm diversas herdades: uma delas
Dão trigo, dão centeio e dão cevada,
As outras têm cascatas e pomares,
Com outras muitas peças, que só servem,
Nos calmosos verões, de algum recreio.”

NONA CARTA

“Agora, Doroteu, agora estava
Bamboando, na rede preguiçosa
E tomando, na fina porcelana,
O mate saboroso, quando escuto
De grossa artilharia o rouco estrondo.”

DÉCIMA CARTA

“Quis, amigo, compor sentidos versos
A uma longa ausência e, para encher-me
De ternas expressões, de imagens tristes,
A banca fui sentar-me, com projeto.”

DÉCIMA PRIMEIRA CARTA

“No meio desta terra há uma ponte,
Em cujos dois extremos se levantam
De dois grossos rendeiros as moradas;
E, apenas, Doroteu, o sol declina.”

DÉCIMA SEGUNDA CARTA

“Aquele que se jacta de fidalgo
Não cessa de contar progenitores
Da raça dos suevos, mais dos godos;
O valente soldado gasta o dia
Em falar das batalhas, e nos mostra
Das feridas, que preza, cheio o corpo;”

DÉCIMA TERCEIRA CARTA

“Ainda, caro amigo, ainda existem
Os vestígios dos templos suntuosos
Que a mão religiosa do bom Numa
Ergueu o Marte e levantou a Jano.”

1ª Carta e análise:

A primeira carta descreve para Doroteu o novo Governador e fica claro que o remetente não aprova tal homem (Fanfarrão) para o cargo. Essa carta é basicamente a apresentação do governador e a observação sobre a prepotência dele com os demais. 

2ª Carta e análise: 

A segunda carta desmascara Fanfarrão, mostrando que ele se fingia de religioso e não agia conforme a lei, libertando presos e etc.

3ª Carta e análise: 

A terceira mostra os atos de Fanfarrão, como o desrespeito com autoridades do lugar e favorecimentos ilegais com os membros de elite. Fala da construção da cadeia (que usou mão de obra escrava) e das injustiças causadas a partir disso. Aborda o preconceito racial e o descumprimento das leis por parte de Minésio.

4ª Carta e análise:

Fala das péssimas condições da cadeia e do abuso autoritário de Fanfarrão, desta vez com a Igreja.

5ª e 6ª Cartas e análise:

Mostra a exploração do povo em prol da organização de festas, além de falar do consentimento de parte da população quanto aos abusos de Minésio.

7ª Carta e análise:

 Minésio quebra a lei que regula a concessão de áreas para extrair ouro, prejudicando várias pessoas, porém beneficiando a quem lhe cabe.

8ª Carta e análise:

Explora a falta de cultura do governador.

9ª Carta e análise:

Mostra a organização das tropas militares, feita sem nenhuma precedência, procurando se privilegiar. Concedia títulos militares também.

10ª Carta e análise: 

O Governador se intromete no Tribunal de Justiça, fazendo com que toda o lugar ficasse sob seu controle, em todos os âmbitos.

11ª Carta e análise:

Relembra os abusos de Fanfarrão, como uso indevido de seu poder, o desrespeito às leis, a venda de cargos, etc.

12ª Carta e análise: 

Aborda as armações e corrupções de Fanfarrão

13ª Carta e análise:

A décima terceira carta está incompleta. Mostra a manipulação que governos e religiões fazem com o povo e critica a falta de racionalismo.

Fontes: 
  • https://www.todamateria.com.br/cartas-chilenas/
  • http://letrabydani.blogspot.com.br/2015/10/de-que-te-ris-trocando-os-nomes-fabula.html
  • http://www.enemsimples.info/2011/07/resumo-cartas-chilenas-tomas-antonio.html
Feito por Micaella Barcellos.









Um comentário :

  1. Ficou ótimo! Porém, gostaria de ver comentários dos outros integrantes para ter certeza de que entenderam mesmo as Cartas Chilenas.

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